Rascunhos

- esboços de quaisquer escritos, pensamentos e acontecimentos. Rascunhe você também, faz um bem danado!

quinta-feira, julho 06, 2006

Tudo se compra, se vende, se paga.

Parte I

- Quero sair. Eu vi o soldado. Ele falou comigo. Quero ir. Quero ver o mundo. Quero ser feliz. Quero amar. Ser amada. Escutar os pássaros todos os dias. Quero ouvir novamente o seu sotaque de francês de Dakota. Meus sonhos minhas vontades as viagens por fazer. Abençoe-me, tia. Dá me tua permissão, tua benção. Já estou cansada de limpar aqui. Ouça me, tia. Preste atenção. Pensei em fazer tudo isso hoje. Sair antes mesmo que levantasse, assim não veria que estava a partir. A mesa posta. A casa limpa, os copos brilhando. E eu já não estaria mais aqui. Mas não ofiz. MAs agora o farei. Porém de costas, sem te olhar. Agradeço por tudo mas preciso ir.

- Aonde você pensa que vai? Você não tempara onde ir. Você não tem ninguém. Seus pais morreram. A guerra os pagou. As cartas que li para vocÊ foram escritas por mim. Você não é nada. Você não é ninguém. Teus sonhos são pesadelos. Sempre limpou para mim e é isso que fará. Não tem minha permissão. Não tem minha benção, apenas maldição das piores, pois não sairá. E se sair, pois sei que pensará nisso, saiba que irei até o juiz e direi: "Esta ingrata que alojei, cuidei e criei, simplesmete quis me deixar, uma desnaturada". Estará sem seus documentos. Sem identidade. Sem data de nascimento. Sem cor dos olhos. Sem idade. Sem filiação. Você ficará aqui para sempre, sempre.

Parte II

- Perdão, minha tia. Perdão, abençoe me. Devo graças a ti que nos abriou aqui desde muito tempo. Onde eu estava com a cabeça? Nunca fui boa com as palavras. Eu me perco com as palavras. Estou arrependida. Perdoe-me. É apenas um favor que faço em troca por sempre me abrigar. Perdoe.

- Cale-se, Vido. Suas palavras me irritam. Você me irrita. Estou irritada. Sempre será o que é e nada mais.

Parte III

- O soldado virá me pegar.

- Não , não se vá. Na verdade, não quero que se vá, por isso digo tudo oque digo. Não existe mais guerras. Menti sobre seus pais. Não me deixe. Você sempre me deu este luxo de ter a casa limpa por alguém, tudo arrumado. sua companhia. Eu sou assim. Qu eposso fazer? Mas não se vá.

Parte IV "Arrependimento mata"

- Enquanto Vido vai pegar seu casaco, sua amargurada que a criou e explorou desde criança, forte nas palavras, fraca de espírito, toma o raticida com água enquanto a sobrinha, criada como escrava de seus caprichos foi ao quarto buscar uma roupa de frio e um cobertor para a tia. Ela a encontra no chão deitada. Mas antes de apagar ela diz:

- Tudo se compra, tudo se vende, tudo paga. Não somos nem humanos.
..................................................................................

Bom, é este apenas um rascunho mal feito duma peça de teatro francês reproduzida em vídeo no SESC Arsenal. Esta noite foi uma de minhas melhores, pena não estar com alguém para compartilhar. A peça francesa foi excelente, se chamava: "O complexo de Thérnadier", produzido por Jean-Michel Ribes. Foi um banho de sensações, sentimentos, expressões, simplesmente excelente. Nela, a história de duas mulheres, de gerações diferentes, uma patroa e sua doméstica, que a adotou ainda criança salvando-a de um genocídio. A linguagem densa e poética, rude e violenta muitas vezes e outrora sutil mostra a relação entre mestre e escravo(a).

Depois, comi um creme de ervilha com bacon, macarrão com oliva e cebolinha. Toda quinta-feira há o BULIXO, onde as pessoas que trabalham com artesanato expõem e vendem seus produtos e obras. Ainda, no pátio, encontrei um cara semi nu fazendo uma apresentação com pedras, muito legal. E terminou a apresentação perto da porta que nos leva à exposição de um trabalho muito bonito: Pintura em pedras. No recinto, som oriental / indiano, penumbra, pedras pintadas dentro de biombos de vidro iluminados por feixes de luz. Outro banho de sensações. Havia muita gente, a sensação foi ótima.

Para vocês que não aproveitam o que o SESC tem a oferecer, saibam: ESTÃO PERDENDO DE IR LÁ. Às quintas, nem me fale. Ah, esqueci de dizer que quando sai da sala de exibição de obras de arte, tinha som ao vivo no pátio. Voilà e viva a Sessão Cinemundo Francês que está tendo no Cinema do SESC. Muito bom, valeu pessoal.

segunda-feira, julho 03, 2006

Ainda bem


É bom saber que conhecemos nossos amigos. Isso evita certos desentendimentos ou conclusões, já que você os conhece (ou acha que os conhece). Num bate-papo, via MSN, uma amiga, que mora na minha cidade natal, me cumprimentou e continuou com o papo:

- Oi, Alan. Tudo bem?
- Tudo blz. E vc? Como está?
- Estou bem, obrigada. Mas me diga, quem é esta sirigaita ao seu lado na foto?
- Minha mãe.

Disse isso e fiquei quieto, não digitei nada. Eu pude ler o silêncio do outro lado da tela. Um certo constrangimento não digitado, o pensamento buscando as melhores palavras para se desculpar. Até que, depois de alguns segundos de arrependimento, ela diz:

- Nossa, nem parecia sua mãe, ela está tão novinha na foto. Sabe, sou ciumenta, não liga não. Desculpe ai, viu!

Eu ri e pensei: "Como diz o título deste "post" - "Ainda bem que eu a conheço muito bem e sei que foi uma brincadeira ciumenta na hora errada." Kkkkkkkkkkkkk

domingo, julho 02, 2006

P ...

Não vou para a cama sem ela.
Penélope.